Este artigo é um complemento necessário para todos aqueles presentes neste blog. Ele é de
sentido geral no que diz respeito ao saber sobre, além do meio ambiente
natural, sobre o meio social, que forma indivíduos, valores, regras de
comportamentos, caráter, personalidade e, ao que mais interessa aqui, a
formação das crenças religiosas nas pessoas.
Em meu artigo "O paradoxo dos gêmeos religiosos",
neste blog, eu cheguei brevemente a entrar no assunto, mas senti a necessidade
de um texto voltado só a este tema.
A grande maioria das pessoas não sabe como
é de verdade a Teoria da Evolução e seus mecanismos. No exemplo simples de se
falar em mudanças no meio ambiente com seleção natural dos mais aptos já
complica tudo. Imagine então falarmos no cérebro, na evolução do sistema
nervoso. Fica ainda mais difícil falar que todos os nossos sentimentos "serviram" à evolução¹, e a fé, por ser um deles, é força de base
das crenças onde estas são relativas, dependem de onde as pessoas nasceram,
cresceram, tiveram as suas educações e formação das suas personalidades.
Então, primeiro temos a fé, o acreditar,
como sentimentos "brutos". Conforme crescemos vamos aprendendo com os
nossos pais, amigos, escolas, a igreja, enfim, o nosso meio ambiente social,
sobre valores religiosos. Pessoas que nasceram no Brasil em famílias cristãs e católicas
e aprenderam, como a maioria dos amigos, parentes etc., sobre Deus, Cristo, a
Bíblia, a redenção, os Dez Mandamentos, etc., passarão, de uma hora para a
outra, a crer e terem fé em valores de outras religiões, nelas mesmas e algumas
politeístas como o hinduísmo? Não! Algumas pessoas até mudam de religião, mas
aí podemos falar em um fato estatístico: os 2,3 bilhões de cristãos no mundo se
tornarão hindus de uma hora para outra? E os 1,2 bilhões de hindus se tornarão
cristãos? Falo no número total de seguidores ou na grande maioria e, por isto,
são exceções, pouca gente, não se leva em consideração porque são casos
isolados.
Aí vem outra questão: pessoas cristãs, que
foram ou que são felizes por praticarem o cristianismo, poderão ser somente
elas realizadas espiritualmente?². Não!
Da mesma forma, pessoas do hinduísmo, e não só elas, mas também islâmicos,
budistas, xintoístas, etc., poderão ser apenas elas felizes e realizadas
espiritualmente? Não! E cada uma dessas religiões considera as próprias
verdades como absolutas, e, sobre as outras, as chamam de pagãs, mesmo se
houver respeito entre elas.
Mas cada pessoa destas religiões foi criada
em um meio ambiente social em que aprendeu as verdades da religião local de
forma absoluta como eu disse no terceiro parágrafo... Os sentimentos delas
foram direcionados, canalizados a aceitarem, respeitarem, a acreditarem no que
essas religiões passaram em forma de ritos, informações, conceitos, dogmas,
etc., ou seja, em toda uma forma de educação religiosa. E quando digo
sentimentos direcionados, quero dizer o seguinte: primeiro você ensina a uma
criança sobre a religião (a sua local, claro), as crenças, as
"verdades", etc. Depois ela, acreditando e confiando nesses
ensinamentos, passa a ter fé no que aprendeu; segue a religião local com
devoção, veneração.
E as primeiras crenças dessas religiões que
cito neste texto de onde vieram? Da eterna busca do ser humano por respostas
sem soluções imediatas até hoje: quem criou tudo a nossa volta? Quem somos nós?
Para onde vamos após a morte? Há vida depois da morte? Isto tudo em todo o
mundo e em todas as épocas. Não é à toa que já se registraram mais de sessenta
mil religiões e seitas em nossa história pelo planeta. E qual seria o meio
ambiente social quando dessas primeiras crenças? Havia algum? Qual (s) seria
(m)?
Sim, havia; eram nossos antepassados que
passaram da época de caçadores coletores, grupos de pessoas, a tribos e depois
para algo mais parecido com a estrutura das cidades de hoje. Eles também se
perguntavam, filosofavam e formulavam respostas sobre essas questões
existenciais. Mas não era só isto: a moral, a ética, regras, etc., tomavam
corpo junto com as crenças. O que não são "Os Dez Mandamentos" como
também algo para se tentar viver melhor em sociedade? "Não roubarás, não
matarás...". Há cerca de sessenta mil de anos atrás, o ser humano já se
preocupava com o "além da morte", como mostram registros
arqueológicos de um funeral do homem de neandertal. Se se preocupavam em
realizar funerais é porque também meditavam sobre outras questões de suas
existências.
A odisseia do homem no planeta veio
acompanhada de tentativas de respostas a essas questões profundas desde o dia
em que ele mesmo tomou consciência de si e do mundo a sua volta. Quem sou eu, o
que faço aqui e o que é tudo isto ao meu redor, quem é o outro, certamente deu
início a tudo o que viria depois: crenças, religiões, a ética, a moral, as
regras de comportamento, etc.
Somos, em grande parte, fruto do meio em
que vivemos. Meio ambiente social.
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1 - Ver os meus artigos na revista
eletrônica "Cérebro&Mente" - "Brain&Mind" - www.cerebromente.org.br -, de neurocientistas da UNICAMP -
Campinas - Estado de São Paulo - Brasil:
"O Porquê dos nossos Sentimentos"
"O Porquê dos nossos Sentimentos – II”
Estes artigos estão também em:
2 - Neste texto digo
"espiritualmente", mas, na realidade, é tudo psicológico, emocional,
fenômenos estudados pela Psicologia, Psiquiatria e a Neurociência.