segunda-feira, 18 de março de 2013

Texto geral

Este texto inicial é um resumo do que eu digo em todos os artigos deste blog. Defendo as seguintes ideias: cada religião toma para si as suas crenças como verdades absolutas, desprezando as crenças das outras e ainda as chamando de pagãs. Isto é fato. O meio ambiente social do indivíduo é quem irá influir nas crenças de cada um. Por exemplo: ninguém nasce com o deus cristão na cabeça, Alá, o deus muçulmano, os muitos deuses do hinduísmo, xintoísmo, etc.

Mas o que existe de absoluto mesmo é a capacidade de nós humanos em acreditarmos, possuirmos fé, e, por quê? Veja, ninguém sobreviveria sem acreditar em algo superior que os formou, que criou o universo, a fauna e a flora do planeta, o que existe após a morte etc. Seríamos acometidos de um vazio existencial a colapsar nossas mentes com angústias, ansiedades, depressões etc.

Mas, e os descrentes? Bem, eles acreditam em si próprios! Possuem fé, mas não crenças. Sem esse sentimento eles não buscariam objetivos, nada valeria a pena, ou seja, suas mentes e suas vidas não resistiriam.

Esse acreditar e a fé, natural de nós, humanos, vêm do próprio funcionamento cerebral do sistema límbico (emoções, sentimentos) e do córtex (a parte racional), se não o sistema mais complexo que existe, o cérebro, não iria funcionar direito. Eles foram adquiridos por nós através da evolução para que a nossa mente não entrasse em colapso significando a sobrevivência da própria espécie. É o transcender, em "pensamentos", do nosso mundo material, incluindo sentimentos.

Uma criança vem ao mundo com o cérebro limpo de informações e da cultura do seu país de nascença. Esse meio ambiente, incluindo além dos pais e escolas, irá ensinar o que existe de sobrenatural, para ela exercer a sua religião que é a mesma de todos ali. Claro que ela poderá um dia mudar de crenças, mas mesmo assim ela levará ainda muito do que aprendeu na infância e adolescência para o resto da vida.

Todos os povos que já existiram inventaram religiões e crenças desde que o ser humano fora dotado de inteligência, consciência e de um lado sentimental-emocional. Por volta de 60.000 como está no livro "Da Natureza Humana", de Edward O. Wilson. Este autor cita o medo da morte e o que vem depois como uma das principais causas de se inventar tantas religiões. Podemos falar também em questões como: o que fazemos em nosso mundo, qual o significado de nossas vidas, existe uma única razão para estarmos aqui? Se os seres humanos não possuírem a capacidade de "invocarem" as respostas dessas questões a algo superior, suas mentes entrariam em colapso.




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O meio ambiente social na formação das crenças religiosas

Este artigo é um complemento necessário para todos aqueles presentes neste blog. Ele é de sentido geral no que diz respeito ao saber sobre, além do meio ambiente natural, sobre o meio social, que forma indivíduos, valores, regras de comportamentos, caráter, personalidade e, ao que mais interessa aqui, a formação das crenças religiosas nas pessoas.

Em meu artigo "O paradoxo dos gêmeos religiosos", neste blog, eu cheguei brevemente a entrar no assunto, mas senti a necessidade de um texto voltado só a este tema.

A grande maioria das pessoas não sabe como é de verdade a Teoria da Evolução e seus mecanismos. No exemplo simples de se falar em mudanças no meio ambiente com seleção natural dos mais aptos já complica tudo. Imagine então falarmos no cérebro, na evolução do sistema nervoso. Fica ainda mais difícil falar que todos os nossos sentimentos "serviram" à evolução¹, e a fé, por ser um deles, é força de base das crenças onde estas são relativas, dependem de onde as pessoas nasceram, cresceram, tiveram as suas educações e formação das suas personalidades.

Então, primeiro temos a fé, o acreditar, como sentimentos "brutos". Conforme crescemos vamos aprendendo com os nossos pais, amigos, escolas, a igreja, enfim, o nosso meio ambiente social, sobre valores religiosos. Pessoas que nasceram no Brasil em famílias cristãs e católicas e aprenderam, como a maioria dos amigos, parentes etc., sobre Deus, Cristo, a Bíblia, a redenção, os Dez Mandamentos, etc., passarão, de uma hora para a outra, a crer e terem fé em valores de outras religiões, nelas mesmas e algumas politeístas como o hinduísmo? Não! Algumas pessoas até mudam de religião, mas aí podemos falar em um fato estatístico: os 2,3 bilhões de cristãos no mundo se tornarão hindus de uma hora para outra? E os 1,2 bilhões de hindus se tornarão cristãos? Falo no número total de seguidores ou na grande maioria e, por isto, são exceções, pouca gente, não se leva em consideração porque são casos isolados.

Aí vem outra questão: pessoas cristãs, que foram ou que são felizes por praticarem o cristianismo, poderão ser somente elas realizadas espiritualmente?².  Não! Da mesma forma, pessoas do hinduísmo, e não só elas, mas também islâmicos, budistas, xintoístas, etc., poderão ser apenas elas felizes e realizadas espiritualmente? Não! E cada uma dessas religiões considera as próprias verdades como absolutas, e, sobre as outras, as chamam de pagãs, mesmo se houver respeito entre elas.

Mas cada pessoa destas religiões foi criada em um meio ambiente social em que aprendeu as verdades da religião local de forma absoluta como eu disse no terceiro parágrafo... Os sentimentos delas foram direcionados, canalizados a aceitarem, respeitarem, a acreditarem no que essas religiões passaram em forma de ritos, informações, conceitos, dogmas, etc., ou seja, em toda uma forma de educação religiosa. E quando digo sentimentos direcionados, quero dizer o seguinte: primeiro você ensina a uma criança sobre a religião (a sua local, claro), as crenças, as "verdades", etc. Depois ela, acreditando e confiando nesses ensinamentos, passa a ter fé no que aprendeu; segue a religião local com devoção, veneração.

E as primeiras crenças dessas religiões que cito neste texto de onde vieram? Da eterna busca do ser humano por respostas sem soluções imediatas até hoje: quem criou tudo a nossa volta? Quem somos nós? Para onde vamos após a morte? Há vida depois da morte? Isto tudo em todo o mundo e em todas as épocas. Não é à toa que já se registraram mais de sessenta mil religiões e seitas em nossa história pelo planeta. E qual seria o meio ambiente social quando dessas primeiras crenças? Havia algum? Qual (s) seria (m)?

Sim, havia; eram nossos antepassados que passaram da época de caçadores coletores, grupos de pessoas, a tribos e depois para algo mais parecido com a estrutura das cidades de hoje. Eles também se perguntavam, filosofavam e formulavam respostas  sobre essas questões existenciais. Mas não era só isto: a moral, a ética, regras, etc., tomavam corpo junto com as crenças. O que não são "Os Dez Mandamentos" como também algo para se tentar viver melhor em sociedade? "Não roubarás, não matarás...". Há cerca de sessenta mil de anos atrás, o ser humano já se preocupava com o "além da morte", como mostram registros arqueológicos de um funeral do homem de neandertal. Se se preocupavam em realizar funerais é porque também meditavam sobre outras questões de suas existências.

A odisseia do homem no planeta veio acompanhada de tentativas de respostas a essas questões profundas desde o dia em que ele mesmo tomou consciência de si e do mundo a sua volta. Quem sou eu, o que faço aqui e o que é tudo isto ao meu redor, quem é o outro, certamente deu início a tudo o que viria depois: crenças, religiões, a ética, a moral, as regras de comportamento, etc.

Somos, em grande parte, fruto do meio em que vivemos. Meio ambiente social.


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Notas:

1 - Ver os meus artigos na revista eletrônica "Cérebro&Mente" - "Brain&Mind" - www.cerebromente.org.br -, de neurocientistas da UNICAMP - Campinas - Estado de São Paulo - Brasil:

"O Porquê dos nossos Sentimentos"

"O Porquê dos nossos Sentimentos – II”

Estes artigos estão também em:


2 - Neste texto digo "espiritualmente", mas, na realidade, é tudo psicológico, emocional, fenômenos estudados pela Psicologia, Psiquiatria e a Neurociência.