Observação: para todo este blog recomendo a leitura do texto "Religiões e Crenças na Visão Evolucionista e não Teísta"
terça-feira, 24 de maio de 2022
Sobre a racionalidade humana, sentimentos e emoções também humanos - A minha procura por informações
domingo, 19 de setembro de 2021
Neurociência, Evolução, o acreditar e a fé e as religiões
Todos sabem que as práticas religiosas fazem bem às pessoas. São muitos os testemunhos, comentários, conversas de parentes, amigos, pessoas em geral, por experiência própria, etc., os quais sempre possuem algo de positivo a dizer sobre tais práticas e seus resultados.
Talvez você não seja religioso, mas
não importa, mesmo se achar que essas práticas não lhe servem, conhece a
importância delas na vida de muita gente. E se for religioso irá procurar no
sobrenatural esperanças, alívio de sintomas emocionais negativos, paz interior,
ou seja, uma enorme gama de resultados positivos e benéficos a sua vida.
Seja qual for a religião, as práticas
religiosas relacionadas aos valores religiosos dela mesma serão benéficas aos
seus adeptos. E como se sabe disto? Com apenas um argumento será suficiente:
ninguém vê uma fuga em massa de adeptos de uma religião, em números expressivos
em relação ao total dessa religião. Por exemplo, nós não vemos no Cristianismo,
o maior do planeta, com aproximadamente 2,4 bilhões de adeptos, ter milhões ou,
melhor dizendo, dezenas, centenas de milhões de pessoas mudando para outra
religião em poucos meses, que seja. Conhecemos pessoas trocando de religião,
mas é um número muito pequeno em comparação ao total de seguidores. A fuga a
qual me refiro denotaria insatisfação, decepção, e o principal: algum problema
sério a respeito dos valores religiosos dessa imensa religião. Na realidade
isso beira a um delírio porque ele não cresceria tanto se não fosse tão
benéfico. Nenhuma outra religião com muitos seguidores também. E mesmo as
menores, salvo exceções.
As religiões promovem um melhor
entrosamento entre as pessoas de um grupo, pequeno ou não, e muitos cientistas
publicam há muito tempo sobre elas, e não só a uma, influenciando na
sobrevivência de grupos humanos no planeta em todas as épocas. Fatos a ver com
a sobrevivência individual e também de integrantes dos grupos humanos. A
Evolução também chegando ao social pela via religiosa!
Eles dizem sobre fatos óbvios mas que
são de grande importância aqui, para depois eu levantar questões de também
importância na Neurociência. Cito três deles:
1 - "A religião em geral tem
efeitos positivos na saúde física e mental ... as religiões tendem a ser
pró-natalistas e mais pessoas religiosas tendem a deixar mais descendentes do
que pessoas menos religiosas ou não religiosas ... o grande mundo de religiões
que evoluíram no primeiro milênio a.C. durante um período de grande caos social
e perturbação, enfatizou um Deus onipotente e transcendente de amor e
misericórdia, que ofereceu a salvação em uma vida pós celestial e indivíduos
libertados do sofrimento terreno ...". (1)
2 - "A religiosidade é um
universal humano, que oferece respostas às questões de contingências [ Natureza
do que acontece de modo eventual, incidental ou desnecessário, podendo ter
ocorrido de outra forma ou não se ter efetivado] A religiosidade, portanto,
pode ser dividida em duas questões: a saber, as questões levantadas como
resultado da experiência com as contingências e, em segundo lugar, a resposta a
essas questões através da ideia de transcendência ... Uma dissonância cognitiva
entre a compreensão de si mesmo e do mundo é vivenciada como uma contingência.
A contingência pressupõe que os humanos não considerem mais a realidade
garantida. Uma vez que os humanos experimentaram eventos surpreendentes, não
rotineiros e inesperados, e uma vez que sentimentos de medo e esperança emergem
e possivelmente começa a busca por uma âncora para o evento contingente no
conhecido mundo consistente, isso pode sinalizar religiosidade ... Existem
inúmeras respostas possíveis para as questões levantadas por experiências de
eventos contingentes." (2)
3 - "Pensamentos religiosos ...
reduzem as taxas de crimes e aumentam o comportamento altruísta entre estranhos
anônimos", dizem os professores de Psicologia Ara Norenzayan e Azim F.
Shariff da "University of British Columbia" do Canadá na revista
"'Science'". (3)
Com toda a população de crentes no
mundo inteiro, mesmo com aqueles praticantes não assíduos no que acreditam, o
número de ateus é significamente menor que todos os habitantes do planeta. Digo
isto para entrarmos no conceito genérico de "acreditar". Ele não
compreende apenas os valores religiosos. Você acredita no seu potencial a
exercer um novo cargo em seu trabalho. Que irá se recuperar logo de uma doença
e voltar a sua vida normal. Ele é geral e inato ao ser humano. Nascemos com
ele; está em nossas mentes e quase nem refletimos sobre essa condição muito
forte de nossa natureza. Se alguém diz não acreditar em nada, já pensamos nos
valores religiosos ou mitos dos mais estranhos possíveis; ele é ateu mas
acredita em si próprio, no próprio potencial para viver uma vida saudável e
feliz, nos mostrando como o conceito de acreditar é geral, forte.
Quanto às questões religiosas,
primeiro se acredita nos valores para depois se exercer a fé. Se coloca fé
naquilo no que se acredita e não necessariamente só nos valores religiosos, mas
também em si próprio como no caso do "acreditar" do ateu, sendo outro
alicerce em nossas vidas mentais.
O acreditar e a fé estão ligados à
esperança, aos nossos sonhos, sentimentos e emoções. Não é possível conceber
uma pessoa sem a capacidade de "acreditar" e digo assim de modo geral
e não só para alguém não acreditando na religiosidade. Eles estão dentro dos
nossos cérebros e não é possível extirpá-los de nós, não os termos, a não ser,
possivelmente, em casos patológicos.
Nas profundezas dos nossos cérebros,
precisamente em circuitos neuronais com suas reverberações, simplificando o
raciocínio, o "conceito" de Deus está presente junto a sentimentos,
emoções, ideias de como Ele é, onipresente, onipotente e onisciente, pela
imaginação de um crente Nele, etc. Mas... Esses mesmos circuitos estão
configurados no cérebro de um hinduísta mas de modo diferente porque, senão, o
hindu acreditaria e teria o mesmo "conceito" do Deus cristão!
Cristãos e hinduístas foram ensinados diferentemente pelos pais, nos seus meios
ambientes sociais porque essas duas religiões são diferentes, e, por
conseguinte, acreditam e colocam fé em valores religiosos diferentes. Então
seria impossível haver ao mesmo tempo deuses diferentes e valores diferentes
também. E as outras religiões e também outras que já se extinguiram? Sim, e a
saída a esse impasse seria admitir a veracidade de uma só. Mas então
voltaríamos à pergunta: por que todas são benéficas aos próprios adeptos? Em
minha opinião, e é aquilo sempre escrito por mim, os valores estão fortemente
arraigados nos cérebros de cada adepto de todas as religiões, possuindo muita
força quando evocados em orações, pensamentos, rituais, etc., não existindo, na
realidade, entes divinos e todos os valores relacionados a eles. O fato é
somente cerebral, a energia do cérebro desprendida e não oriunda do
sobrenatural e sim na concentração no que se acredita e põe fé!
Seria o conceito filosófico da
Navalha de Occan válido aos meus argumentos? Ela que diz ser a resposta mais
simples ser a verdadeira? Pois bem, de todas as épocas, a "criação"
de milhões de deuses e dezenas ou centenas de milhões de outros valores
religiosos, sem exageros, não poderiam ser substituídos por apenas um
"conceito"? O cérebro humano? Deixo esta questão em aberto.
Acredito em um futuro de muitas
discussões entre as religiões e a Neurociência, conforme esta for pesquisando e
descobrindo sobre o que há nas "profundezas cerebrais" do segundo
parágrafo anterior.
E, conforme o argumento: "A
religiosidade contribuiu com a nossa sobrevivência como espécie humana citados
nos exemplos de um a três", eu pergunto: existiriam religiões, crenças e
sistemas de crenças se não fossem o acreditar e a fé? Lógico que não! Eles
seriam vantagens evolutivas? Na minha opinião sim e, antes que eu começasse a
ler artigos similares aos citados, escrevi um texto de nome "O acreditar e
a fé como vantagens evolutivas", (2.a) mas relativo a problemas
existenciais oriundos de questionamentos da nossa inteligência e consciência.
Esses problemas levariam a outros de ordem emocional, comprometendo a nossa
sobrevivência, algo como no item dois. Um tema em nível individual mas
certamente causando problemas aos grupos sociais.
O acreditar e a fé realmente produzem
comportamentos benéficos aos próprios religiosos e às suas relações dentro de
um grupo. Como exemplo, uma pessoa rezando "O Pai Nosso" está
exercendo a fé em Deus pois acredita Nele, e ainda existe o compromisso social
na frase "perdoai as nossas ofensas, assim como perdoamos a quem nos
tenham ofendido", sendo o perdão um ato de grande benefício entre pessoas.
Assim, rezando em casa, na igreja ou no templo frequentado, é um comportamento,
ritualístico.
E se alguém disser que houve muitas
mortes devido às religiões através de homicídios, atentados, conflitos,
guerras, etc., digo da ignorância, intolerância, incompreensão, contra às quais
não podemos fazer quase nada, apenas lutar contra. De qualquer maneira, em 1850
éramos por volta de 1,7 bilhões de pessoas no mundo. E hoje, a despeito de
todas as guerras, catástrofes naturais, homicídios, doenças, etc., de lá para
cá, somos mais de 7,5 bilhões.
As forças evolutivas estão vencendo.
Somos mais eficientes do que ratos!
Notas:
(1)
Sanderson, S. K. (2008). Adaptation, evolution, and religion.
https://www.researchgate.net/.../228344844_Adaptation....
(2) Soeling,
C. & Voland, E. (2002). Toward an evolutionary psychology of religiosity.
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/12496740.
(2.a) Pinto, A. A. (2008). O
acreditar e a fé como vantagens evolutivas.
https://orelativismodasreligioes.blogspot.com/.../o-acred....
(3) Shariff,
A. F. & Norenzayan, A. (2008). The Origin and Evolution of Religious
Prosociality.
https://www.science.org/doi/abs/10.1126/science.1158757....
sexta-feira, 7 de maio de 2021
Religiões e crenças: todas são invenções dos cérebros humanos
Observações:
1 - Não seria uma vantagem evolutiva para um ser com um cérebro consciente de si próprio, do corpo no qual habita e sobre as condições do meio ambiente circundante, a criação de crenças exercendo um feedback altamente positivo, emocionalmente falando, a ele mesmo e ao próprio corpo, para não entrar em conflitos emocionais existenciais a prejudicar a própria sobrevivência e da sua espécie?
2 - Levo então este texto a um dos modos na qual a seleção natural atuou no ser humano ao propósito acima, sua saúde mental a questões existenciais.
Desde os primeiros seres
vivos unicelulares na Terra, eles recebiam estímulos positivos e
negativos do meio ambiente.
Alimentos a funcionar o
metabolismo de um deles era um grande estímulo positivo e, ao contrário, uma fonte
de calor, não percebida ou “sentida", deixando-o sem ação a se afastar
dela, o destruiria por completo.
Esses pequenos seres só evoluíam
e se reproduziam a partir de mecanismos protetores de si mesmos e deixando
descendentes adaptados aos meios ambientes nos quais viviam.
Sempre foi assim na história da
vida e também com os organismos pluricelulares. Só que alguns destes se valeram
de sistemas especializados, específicos, como o digestivo, circulatório, etc.,
mantendo-os vivos conforme suas complexidades sempre crescentes. Então, um
determinado sistema desses foi crucial para a sobrevivência de várias espécies
porque possuía a capacidade de receber informações do meio natural,
processava-os e reagia de modo adequado ao indivíduo sobreviver: digo do
sistema nervoso. Ele evoluiu também chegando ao ápice de desenvolvimento com a
cognição, consciência, sentimentos e emoções de nós seres humanos.
Neste capítulo eu utilizo a
palavra "bem" designando qualquer estímulo benéfico aos humanos,
desde uma mudança climática favorável à sobrevivência de um grupo de antigos
caçadores coletores até o desaparecimento de uma dor a estimular uma pessoa a
voltar a trabalhar. Quer dizer, estímulos externos e internos. E por
"mal" o totalmente ao contrário, os estímulos negativos dos meios
externos e internos: de uma seca não permitindo o plantio de um alimento
essencial à vida de um grupo de pessoas em determinado local, a uma doença causada
por algum desarranjo no funcionamento de um órgão devido a um fator genético.
O mal traz sofrimento, de alguns
segundos a uma vida inteira, dependendo, logicamente, da sua natureza. Males
físicos e/ou emocionais. Como nós humanos lidariam com tudo isto? Se você pudesse perguntar a um cão sobre qual
seria o maior incômodo a ele em sua vida, certamente seria o mal em todas as
suas manifestações: dor, fome, sede, animais inimigos, frio, calor, etc. Para
tanto essa pergunta teria a consciência dele para responder e então ele
entraria em questões existenciais como eu descrevo neste capítulo,
complementando uma das grandes faces de nossa condição humana na Terra.
Informações, orações e conceitos, sobre a religião local, considerada
absoluta, verdadeira, àquele povo que a segue, passados às crianças desde muito
cedo, se transformarão em valores religiosos nos quais elas se apoiarão nas
práticas religiosas e lhes farão bem emocionalmente falando.
São muitos anos de contato com conceitos em que ficarão fortemente
arraigados em seus cérebros possuindo muita força quando das orações, preces,
rituais, etc., envolvendo muita concentração, ou seja, quando evocados,
praticados.
Não é correto dizer: se você nasce no Brasil é cristão; se nasce na
Índia é hinduísta. Isso dependerá dos valores religiosos aprendidos por você
desde criança pelos seus pais, parentes, amigos, etc., da religião local
seguida por eles. Ninguém nasce, por exemplo, com Deus já na própria mente,
antes de ser ensinado, como, em uma simples comparação, com as cores pelos
olhos e cérebro ou a sensação doce do açúcar.
Levo essas coisas pelo lado materialista sendo que não acredito em
divindades, alma ou espírito a levar consolo, bem-estar, conforto, etc.,
bastando a "força cerebral". Ou seja, tudo o que eu disse nos dois
parágrafos acima são memórias que, quando estimuladas, atuarão em liberar
hormônios, neurotransmissores, outras substâncias, também promovendo a
neuroplasticidade como já se constatou em tomógrafos, deixando o cérebro
capacitado a um melhor funcionamento em termos de sentimentos e emoções. Deus,
deuses de todas as religiões, alma e espírito seriam apenas entes imaginários.
Tudo isso também faria uma parte considerável sobre a explicação da
existência das muitas quantidades de religiões e crenças pelo mundo, de ontem e
de hoje: pessoas foram ensinadas diferentemente em seus locais de origem e
desde pequenas com respeito a valores religiosos.
Não é à toa, portanto, que as práticas religiosas de todas elas, até com
algumas afinidades, mas principalmente diferenças, fazem bem aos seus adeptos.
Uma consequência desses fatos seria o fato de que cada crente considera
absolutas as verdades, as crenças, de sua própria religião e não das outras.
Mas o que existe de absoluto mesmo, nos seres humanos, são o acreditar e a fé,
da nossa natureza como indivíduos, nos possibilitando acreditar e por fé em
nossas crenças, criadas por nós mesmos.
Acredito em uma explicação existencial para o ser humano sempre formular
crenças e sistemas de crenças, tendo uma ligação primordial com a consciência e
o amor-próprio. Como nós humanos, inteligentes, conscientes de nós mesmos e do
mundo que nos cerca, e com amor-próprio no sentido que queremos o nosso bem, no
planeta há centenas de milhares de anos, conseguiríamos conviver com o bem e o
mal citados na “Introdução” e com questões existenciais, podendo elas abalar o
nosso equilíbrio emocional, levando-nos até à doenças e colocando em risco a
sobrevivência da espécie, a partir de questionamentos a respeito de nós mesmos,
nossas vidas, o mundo, e a morte?
Coloco então aqui resumidamente as questões existenciais:
1 - Nós: "Quem sou eu? O que sou eu? O que faço aqui neste mundo?
Por que estou aqui? Há uma finalidade para eu estar vivo?".
2 - Nossas vidas: "Qual o sentido da vida? Por que vivemos? Para
que vivemos? Existe uma finalidade? Se sim, qual seria?".
3 - A morte: "Para onde vou após a morte? Por que ela existe?
Voltarei? Por que uns morrem primeiro a outros independentes de tudo? Depois
dela há vida em outro lugar? Encontrarei os meus entes queridos que já se foram
e aqueles ainda por irem?".
4 - O mundo: "De onde veio tudo que eu vejo? Este mundo? O que é ele?
Existem outros?".
E uma das piores questões, sobre a vida e a morte, deixando em agonia a
grande maioria das pessoas já vividas na Terra e as que ainda vivem: "A
única certeza da vida é a morte!".
E foi assim desde o primeiro humano...
Em minha opinião, a saída para essas questões sempre fora a invenção de
crenças e sistemas de crenças, chegando-se ou não nas religiões em todas as
épocas e lugares, mas sempre se formando valores religiosos nessas crenças como
deuses, outros entes divinos, rituais, sacrifícios, danças, etc.,
acreditando-se e colocando-se a fé nesses valores.
Entro em contato com filósofos, filósofos religiosos e teólogos na
tentativa de obter informações a respeito de se ultrapassar uma linha, digamos
assim, separando o que eu sempre penso sobre o fato de todas as religiões serem
benéficas aos seus adeptos juntamente com outro fato, já descrito por mim neste
texto: se cada adepto de uma religião a considera absoluta, verdadeira, qual
seria realmente a correta?
Deve existir algo a
mais à frente desta questão a qual não consigo uma resposta satisfatória desses
estudiosos: eles sempre param a conversa em suas religiões de origem
considerando-as verdadeiras. Não sei se porque são religiosos mesmos ou por
terem medo de serem chamados de ateus, prejudicando suas carreiras, porque, na
verdade, a única saída a essa questão, a única existente, e aqui entra a minha
opinião, seria admitir que fosse o cérebro é quem faz tudo, dependendo dos
ensinamentos religiosos passados a eles desde crianças, assim como em todas as
pessoas.
Observação:
Desde os caçadores coletores, das épocas do surgimento das civilizações e até hoje, existiam e existem problemas os quais os seres humanos não entendiam e não entendem, buscando sempre respostas no sobrenatural, nos valores religiosos, em deuses de suas próprias religiões. Explicações sobre o que são as montanhas, o céu, os mares, tempestades, como de pequenas e duras sementes nascia uma grande árvore, a gestação feminina resultando em um novo homem ou mulher, acidentes, doenças, ou seja, n problemas e situações incompreensíveis a eles, e as respostas estariam nas vontades de seres onipotentes, onipresentes e oniscientes.
sábado, 26 de outubro de 2019
Consciência, amor-próprio, fé e transcendência: a moderna Teoria da Evolução
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Observação importante: digo a "moderna Teoria da Evolução" pois ela não se processou somente nos corpos dos animais e plantas, simplificando, e sim com respeito também à nossa cognição, sentimentos e emoções. Já é difícil para o leigo aprender, acreditar nela quando falamos dos corpos dos seres vivos; imagine então dizermos dos complexos processos em nossas mentes.
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“Assim que as faculdades importantes da imaginação, maravilha e curiosidade, juntamente com algum poder de raciocínio, se tornassem parcialmente desenvolvidas, o homem naturalmente desejaria entender o que estava passando ao seu redor e teria vagamente especulado sobre sua própria existência.” - Charles Darwin - "A descendência do homem".
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Por um lado, apenas com um exemplo, ela está presente em nossas ações facilitando decisões junto à inteligência: "irei sair de carro agora pois se não poderei pegar chuva e onde vou fica muito difícil para o meu carro." Um raciocínio simples mas veja a consciência em (eu) irei, (eu) poderei, (eu) vou e (mim) meu carro. Quatro vezes!
Os mecanismos neurais aos quais me refiro na "Introdução" são aqueles ligados à fé, à capacidade de formularmos crenças, juntos também com a capacidade de abstração, de pensarmos em níveis transcendentais para qualquer propósito.
Junto ao acreditar e a fé estão também a motivação e a esperança, entrando nesse contexto como verdadeiros motores a nos impulsionar todos os dias aos nossos objetivos, que nada mais são do que a nossa sobrevivência como indivíduos e também a sobrevivência da espécie humana.
P.S. (25-10-2019): em 2018, António Damásio publicou o livro "A estranha ordem das coisas" com os seguintes dizeres: (5)
"...A medicina primitiva não tinha condições de cuidar dos traumas da alma humana. Mas é possível supor que, em grande medida, crenças religiosas, sistemas morais e justiça, assim como a governança política, tivessem por fim lidar com esses traumas e facilitara recuperação de suas consequências. A meu ver, o surgimento das crenças religiosas guarda uma relação muito estreita com o luto da perda de entes queridos, que forçou os humanos a confrontar a inevitabilidade da morte e os incontáveis modos como ela pode ocorrer: acidentes, doenças, violência perpetrada outros e por catástrofes naturais, qualquer coisa exceto a velhice uma condição rara em tempos pré-históricos. Muitos traumas da alma humana eram infligidos por acontecimentos públicos no espaço social, e as crenças religiosas eram respostas apropriadas em vários aspectos.
A resposta a perdas e ao luto causado pela violência variava e, dependendo do indivíduo, incluía empatia e compaixão, mas também raiva e mais violência. É compreensível que o pesar tenha sido compensado por uma concepção adaptativa de poderes sobre-humanos, na forma de deuses capazes de resolver grandes conflitos e violência em alto grau. Em um período animista nessas culturas, provavelmente pedia-se aos deuses não apenas ajuda para os sofrimentos pessoais, mas também proteção contra a propriedade pessoal e comunitária - plantações, animais de criação, território vital. Mais tarde, no caso de culturas monoteístas, a crença nessas entidades por fim assumiria a forma de um único Deus capaz, por exemplo, de explicar perdas em termos justificáveis e até mesmo aceitáveis. Por fim, a promessa de continuidade da vida após a morte poderia anular totalmente os efeitos negativos de quaisquer perdas e trazer-lhes outro significado...".
Damásio fala em termos gerais, antes de chegar ao Deus cristão, a respeito das crenças sendo, todas elas, favoráveis ao bem-estar humano. Ele não entra no relativismo religioso mas sabe que todas as religiões, crenças que não se tornaram religiões, etc., foram e são fundamentais a nós, mesmo diferentes entre si. É o relativismo religioso na minha visão. (6)
Sem pretensão, mais uma vez minhas ideias são muito parecidas com as dele, como eu digo no meu artigo "O porquê dos nossos sentimentos: sobre ideias e conclusões que cheguei antes de António Damásio" (7)
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< https://orelativismodasreligioes.blogspot.com >
5 - DAMÁSIO, A. A estranha ordem das coisas: as origens biológicas dos sentimentos e da cultura. São Paulo: Companhia das Letras, 2018. p. 202-203.
6 - Argos Arruda Pinto. O Relativismo Religioso como eu o vejo: as muitas diferenças entre as religiões
< https://orelativismodasreligioes.blogspot.com >
7 - Argos Arruda Pinto. O porquê dos nossos sentimentos: sobre ideias e conclusões que cheguei antes de António Damásio. 2014. Disponível em: < https://argosarrudapinto.blogspot.com/2014/03/ >. Acesso em: 25/10/2019.