Palavras-chave: Andrew Newberg, fé, neurociência, emoções, sentimentos, religião.
O amor e a fé são os nossos sentimentos mais poderosos. O amor, resumidamente, é quem realiza a ligação entre pais e filhos, filhos e pais, amigos com amigos, entre casais, etc.
Quando falo em sentimentos e emoções, gosto de me reportar aos antigos seres humanos no planeta, dos quais somos
descendentes. Sem o amor, qualquer mãe e pai abandonaria seu filho na
natureza e este, sem maturidade para enfrentar o mundo a sua volta,
pereceria por muitos motivos, inclusive pela falta de alimentos. Com os
outros mamíferos também é assim.
Então o amor foi preponderante na sobrevivência do ser humano na Terra e permanece assim até hoje? Sim e até existe uma nova disciplina, a psicologia evolucionista, tratando da evolução do sistema nervoso.
Mas este artigo é sobre a fé, como o título indica.
Veja sua importância com o pai da neuroteologia, Andrew Newberg: "Um teólogo dirá: a fé é essencial para a crença religiosa, mas nossa pesquisa de escaneamento cerebral, documentada em nosso novo livro, 'Como Deus pode mudar sua mente - um diálogo entre fé e neurociência' (trad. brasileira), (1) nos levou à conclusão de que a fé é a coisa mais importante para uma pessoa manter um cérebro neurologicamente saudável. De fato, acreditamos nela como mais essencial em comparação com o exercício, especialmente à luz da pesquisa cumulativa mostrando como a dúvida e o pessimismo podem encurtar sua vida por anos. Pela
fé, queremos dizer a capacidade de conscientemente e repetidamente
manter uma visão otimista de um futuro positivo - sobre si mesmo e sobre
o mundo. Quando você faz isso - através de meditação, oração ou
intensamente focando em um objetivo positivo - você fortalece um
circuito único em seu cérebro, melhorando
a memória e a cognição, reduz a ansiedade e a depressão e aumenta a
consciência social e a empatia em relação aos outros. E não importa se
as meditações são religiosas ou seculares." (2)
É também de Newberg a frase: "Não importa a religião, o importante é praticá-la".
Enquanto muitos brigam por religiões, ele, sabiamente, diz ao mundo sobre a
prática religiosa, seja de qual for, é benéfica à saúde mental e às
relações sociais das pessoas. Enquanto muitos desprezam ou criticam as
outras religiões sem ser as deles, Newberg diz da fé como a coisa mais importante para uma pessoa manter um cérebro neurologicamente saudável.
Ele sabe muito bem da importância dos valores religiosos de cada religião e da força interna proporcionada pelas práticas religiosas, às quais nada mais são do que se usar esses valores em benefícios próprios. E ainda vai além, fala das meditações seculares como a prática do budismo pois trabalhou
com monges budistas em suas experiências, comprovando a tranquilidade, a
serenidade e o bem-estar causados por essas meditações. Acrescenta ainda os benefícios em se concentrar em algo positivo, no qual poderá ser uma frase, uma imagem de uma cena positiva acontecendo em sua vida, etc.
E
de onde vem a fé? É um sentimento e a neurociência diria de circuitos
neuronais a induzir a produção de substâncias químicas, preenchendo
muitas partes de nossos corpos, nos proporcionando uma mistura de sensações prazerosas como a esperança, força interior,
conforto, certeza, etc. Por outro lado a influência de algo imaterial
como a alma ou um espírito está enraizado em nossa cultura como aquilo
no qual nossos sentimentos e emoções são criados. A fé seria acreditar, apostar, sem a presença de evidências, uma certeza sem se precisar ser provada pela ciência.
Existem
e existiram muitas religiões no mundo e os seguidores possuíam e
possuem muita fé em seus deuses, sendo o cristianismo monoteísta, com valores como Deus, a Bíblia, orações como o Pai
Nosso, etc. Não podemos dizer quem está certo ou errado no meio de
tantas religiões com os seus respectivos valores... Outros povos com
religiões bem diferentes do cristianismo ajudam os seus seguidores a
serem felizes, confiantes em suas vidas, fortalecendo os laços
familiares e sociais, enfim, promovendo um bem-estar igualmente em todos eles. Mas isso nos leva a algo desconcertante: como o nosso Deus cristão não nasce conosco em nossos cérebros, com os valores religiosos associados a Ele, temos que ser ensinados desde crianças e
assim o é para todas as outras religiões. O cérebro é um hardware
zerado no qual os valores religiosos de cada religião local são passados
às pessoas desde crianças e estas carregam, com exceções, para toda a
vida. Isso
explicaria a enorme quantidade de religiões em todo o mundo e aquelas
já extintas. Foram "inventadas" mas é assunto para outro artigo.
E veja, a mesma carga emocional desprendida em uma oração por um japonês xintoísta é a mesma de um bispo católico. De um hinduísta na Índia a um muçulmano na Arábia Saudita!
Algum de nós poderá dizer: acredito nisto e pronto! Até aqui tudo bem, respeitamos, mas as crenças variam muito de povo para povo.
Deixo então uma questão a ser pensada e/ou discutida: qualquer deus e valor religioso, sejam lá de quais religiões, inclusive a nossa, realmente são "colocados" em nosso cérebro, para assim nos fazermos melhores?
Talvez uma experiência de Andrew Newberg, ou de outro, poderá um dia responder.
Referências:
1 – Newberg, A.; Waldman, M. Como Deus pode mudar sua mente - um diálogo entre fé e neurociência. 1a. ed. São Paulo: Editora Prumo, 2009. 368 p.
2 - Newberg, A.; Waldman, M. Why your brain needs God. 2018. Disponível em: < https://www.onfaith.co/onfaith/2009/03/27/faith-is-essential-for-your-brain/1746 >. Acesso em: 22/05/2018.
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