sexta-feira, 6 de julho de 2018

Por que é bobagem tentar provar se Deus existe ou não!

Nas ciências, teorias são testadas e os cientistas descobrem se são verdadeiras ou não. É assim o tempo todo e elas se referem a fenômenos naturais, objetos constituintes da natureza, criados pelo ser humano, etc. Tudo existente é passível de se compreender em laboratórios e este tudo se refere à matéria e energia comuns ou derivados delas. Nos laboratórios existem aparelhos detectando propriedades naturais e levando aos sentidos dos cientistas, principalmente para a visão, a serem analisadas e compreendidas. Muitas vezes uma teoria também surge depois de algo detectado por esses aparelhos. 

O maior instrumento de laboratório mundial, o Grande Colisor de Hádrons (LHC), um acelerador de partículas, na fronteira da França com a Suíça, foi o responsável pela descoberta da partícula subatômica bóson de Higgs, responsável pela estrutura de todas as outras formas de matéria, de tamanhos micro até o macro. Ele forma os prótons, nêutrons e elétrons constituindo os átomos e, estes, as moléculas. Assim, tudo na natureza, inclusive nossos corpos, e aquilo criado pelo homem, são formados, em última instância, a partir do bóson de Higgs. 

Essa partícula foi prevista em teoria no ano de 1964 pelo físico britânico Peter Higgs e descoberta em 2013. O que existia na teoria, existia na natureza, embora nem sempre é assim: uma teoria pode estar errada. 

Mas alguém poderá dizer: o bóson é algo estranho porque não aparece na natureza como uma pedra ou pedaço de madeira! Mas forma tudo existente e quando falo em matéria e energia comuns, me refiro também a tudo oculto aos nossos sentidos, os quais só instrumentos de laboratórios podem descobrir. 

Quando se diz “provar”, “prova”, quer se dizer sobre algo possível de ser testado, descoberto, mostrado com aparelhos, instrumentos. 
  
É comum ver discussões calorosas entre religiosos e céticos nas quais um religioso diz: provem que Deus não existe. Ou o cético: provem que Ele existe! Aí podem surgir os argumentos sobre o ônus da prova, mas, é provar, buscar a prova e caímos no parágrafo anterior... 

Veja, Deus não pertence à Física, à Química e à Biologia, bases dos objetos e fatos naturais; Ele está em um plano inatingível para as ciências, além delas. É sobrenatural, ou seja, sobre o natural, sobre os fenômenos naturais, imaterial, espiritual. Não há instrumentos de laboratórios para alcançá-Lo e nunca o ser humano será capaz de construir um porque esses mesmos instrumentos, construídos de energia e matérias comuns, só podem analisar fenômenos e descobrir as suas origens e propriedades, de energias e matérias comuns! 

Imagine um radiotelescópio recebendo e armazenando em computadores ondas eletromagnéticas oriundas de todas as direções do espaço ao nosso planeta. Essas ondas são constituídas de campos elétricos e magnéticos se alternando e/ou, segundo a Física Quântica, de fótons. Elas são matéria e energia nas quais os radiotelescópios foram construídos para detectá-las. Quem os construíram sabiam dessas verdades da ciência e por isso foram capazes de realizá-los. O sobrenatural não é constituído, formado desses elementos, está além deles e dos nossos sentidos, e, portanto, da nossa compreensão. Ou seja, o sobrenatural não é formado de nada a partir, me referindo mais uma vez, de matéria e energia comuns, sendo a busca da prova que Deus existe é uma bobagem. Ridículo!

quarta-feira, 23 de maio de 2018

Neuroteologia e fé

Palavras-chave: Andrew Newberg, fé, neurociência, emoções, sentimentos, religião. 

O amor e a fé são os nossos sentimentos mais poderosos. O amor, resumidamente, é quem realiza a ligação entre pais e filhos, filhos e pais, amigos com amigos, entre casais, etc.
  
Quando falo em sentimentos e emoções, gosto de me reportar aos antigos seres humanos no planeta, dos quais somos descendentes. Sem o amor, qualquer mãe e pai abandonaria seu filho na natureza e este, sem maturidade para enfrentar o mundo a sua volta, pereceria por muitos motivos, inclusive pela falta de alimentos. Com os outros mamíferos também é assim. 

Então o amor foi preponderante na sobrevivência do ser humano na Terra e permanece assim até hoje? Sim e até existe uma nova disciplina, a psicologia evolucionista, tratando da evolução do sistema nervoso. 

Mas este artigo é sobre a fé, como o título indica.
  
Veja sua importância com o pai da neuroteologia, Andrew Newberg: "Um teólogo dirá: a fé é essencial para a crença religiosa, mas nossa pesquisa de escaneamento cerebral,  documentada em nosso novo livro, 'Como Deus pode mudar sua mente - um diálogo entre fé e neurociência' (trad. brasileira), (1) nos levou à conclusão de que a fé é a coisa mais importante para uma pessoa manter um cérebro neurologicamente saudável. De fato, acreditamos nela como mais essencial em comparação com o exercício, especialmente à luz da pesquisa cumulativ mostrando como a dúvida e o pessimismo podem encurtar sua vida por anos. Pela fé, queremos dizer a capacidade de conscientemente e repetidamente manter uma visão otimista de um futuro positivo - sobre si mesmo e sobre o mundo. Quando você faz isso - através de meditação, oração ou intensamente focando em um objetivo positivo - você fortalece um circuito único em seu cérebro, melhorando a memória e a cognição, reduz a ansiedade e a depressão e aumenta a consciência social e a empatia em relação aos outros. E não importa se as meditações são religiosas ou seculares." (2) 

É também de Newberg a frase: "Não importa a religião, o importante é praticá-la".
  
Enquanto muitos brigam por religiões, ele, sabiamente, diz ao mundo sobre a prática religiosa, seja de qual for, é benéfica à saúde mental e às relações sociais das pessoas. Enquanto muitos desprezam ou criticam as outras religiões sem ser  as deles, Newberg diz da fé como a coisa mais importante para uma pessoa manter um cérebro neurologicamente saudável. 

Ele sabe muito bem da importância dos valores religiosos de cada religião e da força interna proporcionada pelas práticas religiosas, às quais nada mais são do que se usar esses valores em benefícios próprios. E ainda vai além, fala das meditações seculares como a prática do budismo pois trabalhou com monges budistas em suas experiências, comprovando a tranquilidade, a serenidade e o bem-estar causados por essas meditações. Acrescenta ainda os benefícios em se concentrar em algo positivo, no qual poderá ser uma frase, uma imagem de uma cena positiva acontecendo em sua vida, etc. 

E de onde vem a fé? É um sentimento e a neurociência diria de circuitos neuronais a induzir a produção de substâncias químicas, preenchendo muitas partes de nossos corpos, nos proporcionando uma mistura de sensações prazerosas como a esperança, força interior, conforto, certeza, etc. Por outro lado a influência de algo imaterial como a alma ou um espírito está enraizado em nossa cultura como aquilo no qual nossos sentimentos e emoções são criados. A fé seria acreditar, apostar, sem a presença de evidências, uma certeza sem se precisar ser provada pela ciência. 

Existem e existiram muitas religiões no mundo e os seguidores possuíam e possuem muita fé em seus deuses, sendo o cristianismo monoteísta, com valores como Deus, a Bíblia, orações como o Pai Nosso, etc. Não podemos dizer quem está certo ou errado no meio de tantas religiões com os seus respectivos valores... Outros povos com religiões bem diferentes do cristianismo ajudam os seus seguidores a serem felizes, confiantes em suas vidas, fortalecendo os laços familiares e sociais, enfim, promovendo um bem-estar igualmente em todos eles. Mas isso nos leva a algo desconcertante: como o nosso Deus cristão não nasce conosco em nossos cérebros, com os valores religiosos associados a Ele, temos que ser ensinados desde crianças e assim o é para todas as outras religiões. O cérebro é um hardware zerado no qual os valores religiosos de cada religião local são passados às pessoas desde crianças e estas carregam, com exceções, para toda a vida. Isso explicaria a enorme quantidade de religiões em todo o mundo e aquelas já extintas. Foram "inventadas" mas é assunto para outro artigo. 

E veja, a mesma carga emocional desprendida em uma oração por um japonês xintoísta é a mesma de um bispo católico. De um hinduísta na Índia a um muçulmano na Arábia Saudita! 
  
Algum de nós poderá dizer: acredito nisto e pronto! Até aqui tudo bem, respeitamos, mas as crenças variam muito de povo para povo. 

Deixo então uma questão a ser pensada e/ou discutida: qualquer deus e valor religioso, sejam lá de quais religiões, inclusive a nossa, realmente são "colocados" em nosso cérebro, para assim nos fazermos melhores? 

Talvez uma experiência de Andrew Newberg, ou de outro, poderá um dia responder. 
                                                                                    

Referências: 

1 – Newberg, A.; Waldman, M. Como Deus pode mudar sua mente - um diálogo entre fé e neurociência. 1a. ed. São Paulo: Editora Prumo, 2009. 368 p. 
  
2 - Newberg, A.; Waldman, M. Why your brain needs God. 2018. Disponível em: < https://www.onfaith.co/onfaith/2009/03/27/faith-is-essential-for-your-brain/1746 >. Acesso em: 22/05/2018.