quarta-feira, 1 de junho de 2022

Cérebros e Crenças

Observação: embora neste texto eu falo muito sobre crenças e religiões, é de extrema importância a visão sobre a influência, a importância, do cérebro no assunto.

Introdução.

"Em todas as épocas e lugares do planeta, onde se reuniam dezenas ou centenas de pessoas formando comunidades crescentes em números de pessoas, ao longo de décadas ou centenas de anos, surgiam naturalmente crenças e sistemas de crenças, incluindo "fatos" sobrenaturais, a respeito de tudo sobre as suas condições de vida, e até uma possível pós vida de todos, consideradas verdadeiras, absolutas, mesmo sendo muito diferentes, e eram, em relação a quaisquer crenças de outros povos."

Não seriam vantagens aos cérebros humanos, dentro do vasto imaginário das mentes criativas de todos nós, como uma defesa ao funcionamento cerebral, a capacidade de formulações de mitos, ideias, de criação, proteção, ajudas, etc., imateriais, sobrenaturais ou metafísicos?

Quando digo "funcionamento cerebral" quero dizer recursos, estratégias mentais, a influir positivamente em nossas vidas.

Podemos pensar positivamente sem pensarmos em crenças religiosas. Existem, todos sabem, dezenas e dezenas, centenas de livros de autoajuda sem religiosidade, outros com algumas incursões pelas religiões e assim por diante. 

Na verdade, não digo que o cérebro chegou a este nível através da teleonomia, termo corretamente combatido pela Evolução, mas o fato é que ele possui uma capacidade muito grande de imaginação. Digamos, o imaginário cerebral é por demais gigantesco e as diferenças entre as crenças das religiões e mesmo dentro delas são enormes.

Deus não nasce junto às cabeças dos cristãos; os deuses do Hinduísmo não nascem junto às cabeças dos hindus; os deuses do Xintoísmo japonês não nascem junto às cabeças dos xintoístas. E também com tudo o que eu disse na "Introdução", até talvez com raras exceções. São valores religiosos, de crenças e precisam ser ensinados, assimilados juntamente a sentimentos e a emoções e pronto! Dificilmente um adepto dessas religiões deixará de acreditar no seu deus igual a dos outros adeptos. E se acontecer será exceção, porque, não vemos religiões com muitos adeptos terminarem abruptamente, ou, sequer ouvimos falar de fatos assim. Se aconteceu na história da humanidade provavelmente foram com religiões pequenas ou em sistemas de crenças.

Seria errado pensar que, a despeito de tantas criações, e também aquelas ainda por virem, todas as crenças humanas são produtos do nosso cérebro? 

Converso com filósofos religiosos, cientistas da religião, teólogos, etc., e, todos dizem do respeito a termos por todas as religiões, mas, quando eu digo das crenças das outras, eles se voltam às suas crenças do Cristianismo como absolutas, verdadeiras, inclusive não mencionando diretamente desta maneira. Será porque são ligados a universidades, a todo um sistema no qual aqui no Brasil a predominância é do Cristianismo? Para mim não há dúvidas: sim! Perderiam status, teriam suas carreiras prejudicadas, etc., se propagassem o que eu digo neste pequeno texto. E olhe, eles sabem que as coisas são assim!

Eu gostaria de perguntar a um deles, desta vez famoso, se ele acha que as práticas religiosas de adeptos de uma religião dessas, bem diferentes das práticas cristãs, fazem bem àquelas pessoas. Se ele disser sim é porque admite valores religiosos também diferentes do Cristianismo, e, inclusive, Deus, pois os adeptos em questão poderiam, por exemplo, rezarem e pedirem algo a um ou mais deuses também diferentes do Deus cristão. Como ficaríamos? Mas se disser não ele entra em um intrincado problema religioso pois se práticas religiosas não fizerem bem aos adeptos das religiões, poderia se ter fugas em massas dessas religiões, algo não presenciado por nós, nunca, como eu já mencionei há três parágrafos atrás.

Este tipo de pergunta eu fiz a cinco filósofos religiosos da Faculdade Federal de Juiz de Fora e eles fugiram da resposta. Foram duas em uma e listo abaixo:

1 - Como as religiões interpretam o fato das outras, bem diferentes, fazerem bem aos adeptos em suas práticas religiosas como orações, rituais, etc.? Falo de um bem até emocional. Elas não acreditam que as outras divindades são verdadeiras pois estariam dizendo que existem divindades diferentes ao mesmo tempo.

2 - A Navalha de Occan pode ser usada na seguinte questão: se existem e existiram tantas religiões e crenças muito diferentes entre si, não seria correto admitir que a explicação correta, a mais simples, é que elas foram invenções das mentes humanas em todas as épocas?

Perceba a força da primeira pergunta: ninguém poderá dizer das práticas religiosas de religiões diferentes serem maléficas aos adeptos. Do contrário, essas religiões, insisto novamente, desapareceriam ou se tornariam muito pequenas. E como está na própria pergunta, uma resposta positiva fará com que a pessoa admita a existência, ao mesmo tempo, de divindades diferentes, o que seria um absurdo.

Na segunda questão existe o problema da possibilidade de uso da Navalha de Occan ou não. Então, para finalizar este texto, deixo a você leitor o desafio da primeira pergunta.