quinta-feira, 8 de setembro de 2022

Religiões e Crenças na Visão Evolucionista e não Teísta

Introdução 


Para o propósito deste artigo eu tento demonstrar que os sentimentos e emoções não são produtos da concepção teísta do universo, de tudo, de nós mesmos, e sim que serviram à Evolução na perpetuação humana na Terra. Mas primeiro eu tenho que mostrar que as crenças, os sistemas de crenças e os deuses das religiões politeístas e o deus das monoteístas, com as práticas religiosas derivadas de tudo isto, foram inventados pelos humanos. Estes não são reais e sim produtos da nossa imaginação, do nosso poderoso imaginário. Assim, afastando a influência sobrenatural como produtores, geradores dos sentimentos e emoções, eu tento mostrar a você leitor que essa influência existe para o nosso bem-estar emocional, psicológico, objetos nos quais a Psicologia e a Psiquiatria também estão envolvidas, quer dizer, mesmo assim, benéficas a grande maioria das pessoas no planeta. Depois eu passo às explicações científicas, baseadas na Evolução.  Irei então começar com duas questões envolvendo as religiões com os seus deuses e práticas religiosas, já incluídas aí, evidentemente, as crenças. Enumero as duas:     

1 - Esta questão, de minha autoria e de nome “A Circularidade Ateísta”, (1) eu considero, sem exagero algum, como impossível de ser contestada por qualquer argumento teísta:  

"Como pode existir uma religião verdadeira se as práticas religiosas das outras são também benéficas aos seus adeptos, com exceções, demonstrando ser a (s) divindade (s) e os valores religiosos também verdadeiros, mas, isto sendo também um absurdo porque não se pode haver várias religiões verdadeiras ao mesmo tempo, devido à esta circularidade, nos levando então a crer na verdade única de todas serem falsas?”. 

2 - O deus cristão criou o ser humano com sentimentos e emoções e, nos Dez Mandamentos, manda os homens amarem o próximo, a si mesmos e a ele próprio. Sem precisar de nenhuma pesquisa, é evidente que quaisquer outros deuses das outras religiões também criaram os humanos com sentimentos e emoções e fizeram, e esperam, algo como o deus cristão com relação ao amor para eles. Mas então o deus cristão criou todos os homens e os outros deuses das outras religiões também criaram todos os homens, sendo um absurdo conceber a criação como sendo fruto de todos esses deuses ao mesmo tempo.     


As religiões se apoiam em suas crenças e elas são muitas desde tempos muito remotos até hoje. Isto é mais do que conhecido, mas esta é a minha linha de argumentação contra elas: se alguém acredita no Deus cristão e outro nos deuses do hinduísmo, esses dois dizem que cada deus deles são verdadeiros, reais, absolutos para todos os adeptos. Então aqui já começa algo absurdo: existirá todos eles ao mesmo tempo? Não dá nem para se levar a sério uma questão assim, um “fato” desses. Só que é mais difícil “mover uma montanha” do que acabar com uma crença. Apenas um modo de me expressar e todos os seguidores de uma religião não podem crer e cultuar, seriamente, por exemplo, dois deuses de duas religiões ao mesmo tempo.  


Na minha opinião, a existência de muitas religiões com as suas diferentes crenças já é, em si, um forte argumento que algo está errado, no qual elas mesmo se “traem” no quesito, no ponto, da própria realidade na qual estão inseridas: uma pessoa com a sua religião acredita nas verdades por ela proferida, nos valores religiosos, aos quais ela exercerá os seus cultos, missas, preces, etc., e muitas pessoas, mas muitas mesmo, sentirão um bem-estar muito grande nessas práticas, mas, pela outra religião, aqueles adeptos sentirão o mesmo. As duas são reais ao mesmo tempo? Esse bem-estar é algo apenas emocional e voltarei a este assunto mais adiante.  


Estamos no plano da estatística, a qual mostra um grau de satisfação da maioria de uma população e não só de poucas pessoas. Apenas para um comentário, existem pessoas que não “pensam estatisticamente”, achando elas que bastaria uma exceção, ou algumas delas, para um argumento destes não ser válido. Quando se expõe dados estatísticos de uma pesquisa qualquer ou quaisquer conhecimentos sobre tendências em populações, sempre, ou na maioria das vezes, haverá uma ou algumas exceções. Isto é normal na estatística. E ainda se vai mais longe: estatísticas 100% corretas ou 0% corretas também são raras. Um exemplo interessante e também engraçado, seria qual a estatística sempre realizada, e até hoje, sendo 100% errada? O fim do mundo! 


Se a grande maioria das pessoas de uma religião se sente bem com as suas práticas e acontece também com a outra, o que acontece? Não podemos dizer, e, aqui entra outro ponto, e importantíssimo, qual seja, a negação da validade de uma religião pela outra, quer dizer, negar também a existência simultânea do bem-estar e felicidade através das práticas de cada uma. Não podem! E assim entram em um impasse intransponível! 


Sou um homem acostumado a conversar com pessoas religiosas de várias tendências, leitores assíduos da Bíblia ou não, de crenças até bizarras ao cristianismo, islamismo, hinduísmo, convertidos em sistemas de crenças também bizarras, etc. É uma curiosidade pessoal de décadas. Confesso o meu espanto quando notei em mim mesmo uma “mudança de referencial”, ao aceitar o fato de que as outras religiões diferentes daquela a qual eu pertencia no meu meio ambiente social, família, escola, amigos, o catolicismo, não serem tão estranhas, porque me veio um insight, comigo percebendo que o principal motivo delas existirem era o fato do ensinamento religioso pelo qual as crianças passaram era diferente do meu, e não pelo motivo de existirem divindades e valores diferentes, coincidentemente, em todo o planeta. Nisso eu nunca acreditei. Na verdade, primeiro eu passei por uma consciência em aceitar o fato das outras religiões serem benéficas aos adeptos e não ficar pensando que eram erradas, satânicas, como as outras pessoas achavam. Repito novamente: elas promovem um bem-estar apenas emocional, psicológico. 


Uma pessoa religiosa nunca aceitará outra religião como verdadeira porque terá que aceitar a autenticidade dos valores dessa outra. Um exemplo muito simples seria se ela for monoteísta e a outra politeísta. Impossível. Os ensinamentos religiosos, citados por mim no parágrafo anterior, as crianças, desde a mais tenra idade, são instruídas constantemente sobre os valores, a religião dos pais, do meio ambiente social, se tratando de uma verdadeira fixação de ideias, informações, conceitos, e, ao se encontrarem com sentimentos e elas passando a gostar desses ensinamentos, surgem os valores religiosos. Então, nenhuma outra forma de valores religiosos diferentes será aceita por essa criança, ou na puberdade, com raras exceções. 


Sentimentos e emoções pertencem à Evolução, à sobrevivência da espécie humana na Terra e também de outros animais. Até um inseto precisa ser agressivo muitas vezes para sobreviver.  


O acreditar, a fé, a esperança, a motivação, resumindo, tudo aquilo ligado ao fato de tomarmos iniciativas, do momento de acordarmos de manhã até a hora de dormirmos, juntos aos sentimentos e emoções, são: primeiro você acredita, racionalmente no meu modo aqui de pensar igual a ter algo como verdadeiro, não sendo ainda a fé, vinda depois e é uma convicção, praticamente um sentimento. A motivação é um impulso constante para as nossas realizações. E a esperança, a vontade de atingirmos os nossos objetivos. Não fossem estes requisitos atuando em nossas vidas, nem levantaríamos da cama! Estes componentes, digamos assim, estão também ligados às crenças. Mas utilizando o argumento que somos nós quem inventamos as crenças e as religiões, não seriam os requisitos acima vantagens evolutivas? Acredito nesta abordagem, a qual é científica, (2) e não em motivos sobrenaturais devido principalmente a um só fator justamente já comentado por mim neste texto: cada religião com cada uma cheia de crenças ligadas a esses requisitos. Porque é muito mais provável, coerente então, pensar no cérebro como algo limpo no nascimento, admitindo informações e conceitos se transformando em valores religiosos, que nunca seriam iguais a todas as pessoas e em todas as épocas no planeta inteiro. Por exemplo, Deus não nasce junto na cabeça de ninguém, Brahma, Vishnu e Shiva do hinduísmo e todos os outros deuses deles também, Izanagi e Izanami do Xintoísmo japonês também não e por aí se vai com outras divindades e valores.    


O acreditar demonstra no meu modo de ver uma poderosa força pertencendo a todas as religiões, com os adeptos acreditando em diversos valores religiosos, tendo fé, motivação e esperança. Existem crenças ao mesmo tempo, evidentemente, diferentes em cada religião, provenientes do imaginário humano: reflexões, considerações, meditações, cogitações, pensamentos, contemplações, etc., mas não de uma alma ou de um espírito, ou qualquer ente sobrenatural. 


A Neurociência e ciências afins vem sistematicamente libertando a cognição, os sentimentos e as emoções das mãos da transcendência ao mundo físico, além do mundo material, da metafísica. Não seria Deus ou os deuses de outras religiões quem literalmente introduziu uma alma ou um espírito no ser humano, sendo estes três conceitos repletos de significados indiretos, que prefiro dizer aqui em resumo, o qual tudo o que somos e temos, direta e indiretamente, seja físico, cognitivo, emocional e transcendental, são provenientes desses deuses. Na verdade, é o cérebro, exclusivamente ele, sem por ora mencionar a cognição, o responsável por, desde “pequenos” sentimentos como gostar de uma fruta até os mais importantes deles, como o amor, o maior sentimento de união em todos os aspectos e intensidades nas relações entre as pessoas. 


E com respeito aos sentimentos e emoções faço aqui uma citação de um artigo meu, “Neurorreligação: o resultado da cura pela psiquiatria, psicoterapia, práticas religiosas e a meditação através da neuroplasticidade”, (3) sobre a influência da psicoterapia, apenas conversar com um especialista, no bem-estar emocional das pessoas: 

“‘Devemos nos lembrar que todas as nossas ideias provisórias em psicologia partem da premissa da qual, um dia, elas estarão baseadas em uma subestrutura orgânica’ (Freud). (4)  

‘... baseadas em uma sub estrutura orgânica.’ Freud já imaginava o comportamento humano [possivelmente] oriundo do funcionamento de estruturas orgânicas cerebrais.              

Por outro lado, uma ótima definição de neuroplasticidade é: a capacidade do cérebro mudar e se adaptar em estrutura e funcionamento devido a estímulos intrínsecos e extrínsecos. Em outras palavras, a entrada muda a resposta, e esta é a "primeira lei", a lei fundamental da neuroplasticidade. Se as entradas mudam as respostas, então estímulos aos quais um profissional da saúde proporciona ao paciente, podem mudar estruturas e funcionamento de áreas cerebrais, alterando o comportamento pós-psicoterapia? Sim e isso é a moderna psicologia, como mostram as considerações abaixo:  

‘Há muito tem sido reconhecido pelos clínicos que as intervenções psicológicas podem alterar profundamente os conjuntos de crenças, modos de pensar, estados afetivos e padrões de comportamento dos pacientes ... A redução dos sintomas é um dos principais objetivos da psicoterapia em geral e pode ser considerada como a referência contra a qual o sucesso das terapias comportamentais e cognitivas deve ser medido. A elucidação dos correlatos neurais da redução dos sintomas é, portanto, o objetivo principal de qualquer investigação sobre os mecanismos biológicos da psicoterapia.’ (5)  

‘A psicoterapia também é biológica, pois pode levar a mudanças funcionais e estruturais reais no cérebro. Na verdade, às vezes a psicoterapia e a medicação produzem mudanças surpreendentemente semelhantes no cérebro ... Em um estudo, pesquisadores da UCLA descobriram que pessoas que sofriam de depressão tinham atividade anormalmente alta em uma área do cérebro chamada córtex pré-frontal. Aqueles que melhoraram depois de terem sido tratados com um tipo de terapia chamada terapia interpessoal (IPT) mostraram uma diminuição na atividade no córtex pré-frontal após o tratamento. Em outras palavras, o IPT parecia 'normalizar' a atividade cerebral nessa região hiperativa. Outro estudo analisou pessoas que têm transtorno obsessivo compulsivo (TOC), que tendem a ter uma área hiperativa do cérebro chamada núcleo caudado. O tratamento com um tipo de terapia chamado terapia cognitivo-comportamental (TCC) foi associado com uma diminuição na hiperatividade do núcleo caudado, e o efeito foi mais evidente em pessoas que tiveram uma boa resposta à TCC. Em outras palavras, quanto melhor a terapia parecia funcionar, mais a atividade cerebral mudava.’ (6)  

No artigo ‘Psicoterapia e neurociências: um encontro frutífero e necessário’, da Revista Brasileira de Terapias Cognitivas, (7) os autores dizem o seguinte: ‘A neurociência tem demonstrado que um comportamento pode ser aprendido e aperfeiçoado pela experiência, que altera a ‘voltagem’ das sinapses na rede neural, provendo a formação de novos circuitos neurais e novas memórias, acessíveis em ocasiões posteriores.’ (8)  

Outro relato deles diz: ‘Os estudos com neuroimagem … objetivam pesquisar alterações anatômicas especialmente relacionadas à volumetria de estruturas encefálicas e funcionais para investigarem alterações na dinâmica do fluxo sanguíneo encefálico, aumento ou decréscimo de ativação nas estruturas e circuitos neurais’. (9)  

Aqui entra o ponto em questão: conversas entre um paciente e um profissional alterando estruturas cerebrais e consequentemente comportamentos. Por intermédio de conversas entre os dois, o paciente acaba conhecendo melhor os seus problemas, e, por isso, aprendendo a resolvê-los. Nesta interação o paciente também aprende a melhor se adaptar e agir no meio ambiente social no qual vive. Espera-se também da psicoterapia uma melhora na qualidade de vida através de comportamentos mais adaptados, pensamentos mais racionais e uma melhora na inteligência emocional como um todo. Como efeitos de longo prazo, novas capacidades e competências são adquiridas em nível da personalidade, aumento da autoestima, um posicionamento mais eficaz perante a vida … transformações micro em níveis neuronais altera-se o comportamento macro das pessoas, trazendo-as de volta às suas vidas sociais, afetivas e de trabalhos, estabilizando suas emoções e sentimentos? Sim …” 


E tudo acima é apenas uma amostra do quanto já pode-se ter avançado em resultados se utilizando de modernos tomógrafos computadorizados, que são os aparelhos para essas pesquisas. 


Veja, conversas alterando estruturas no cérebro, a neuroplasticidade, algo físico, físico-químico e/ou biológico, alterando o funcionamento neural, como no texto: “… alterar profundamente os conjuntos de crenças, modos de pensar, estados afetivos e padrões de comportamento dos pacientes … “, melhorando em muitos pontos as vidas das pessoas… 


Na minha opinião, da imaginação humana individual formulando crenças e mais crenças, em determinado povo, tornando-se algo coletivo, crenças aceitas, compartilhadas, passadas de gerações a gerações, mesmo sofrendo modificações, em todos os pontos do planeta e em todas as épocas, as forças dessas crenças sempre se fizeram presentes na vida das pessoas. E é impossível em um texto curto como este resumir como surgiram as religiões de todos os conjuntos de crenças, a partir das crenças individuais, neste nosso mundo, inclusive porque muitas delas não ficaram registradas, mas, é possível conjecturar que as práticas religiosas, provenientes das mentes daqueles mais sábios e místicos em grupos humanos, influenciaram positivamente o comportamento altruísta e as relações sociais dos indivíduos em todos os sentidos. Até hoje, onde existe um grupo de pessoas consideradas primitivas em relação ao nosso mundo adiantado em tecnologia, existem rituais, danças, orações, preces, etc., ou seja, sempre foi assim na história humana. Aqui no Brasil, para cada cacique, um pajé, para cada líder político, um líder religioso. Enquanto o político determina normas de condutas, decisões sobre guerras, “leis”, etc., o religioso é o guia espiritual da tribo, o curandeiro, aquele orientando, ensinando, etc., através, especialmente, das crenças daquele povo. 


Nas épocas dos caçadores coletores, com linguagens já praticamente formadas ou ainda em formação, ao mesmo tempo em que esses nossos ancestrais procuravam abrigos, fabricar instrumentos de caça, pesca, etc., eles buscavam respostas às questões existenciais e de onde e como tudo surgiu à sua volta. Isto é muito natural, está em nossa essência que somos através da curiosidade, um comportamento específico existindo também em outros animais. Deixo uma referência de um artigo (10) me aprofundando nesse assunto o qual não coloco aqui para este texto não ficar muito longo. 


Além da procura pela sobrevivência individual de cada ser humano, sempre existiu diversas maneiras do conjunto social interagir entre si em comportamentos ritualísticos, visando, em última instância, a própria sobrevivência individual através do fortalecimento das relações entre as pessoas. A sobrevivência do grupo aumentando ainda mais a sobrevivência individual.   


Na realidade, como sempre, é muito difícil encontrar na literatura, informações sobre o surgimento de crenças e sistemas de crenças, as precursoras das religiões, mesmo em sentido especulativo, de caráter conjectural. Me parece que existe muito receio por meio de cientistas, cientistas das religiões, filósofos religiosos, etc., em se comprometerem com uma realidade à qual eu digo aqui sobre se existe e existiu muitas crenças e sistemas delas, seria mais prudente, óbvio e até mais fácil, considerá-las como criações humanas e não de seres transcendentais. 


Vivemos em sociedades ou em uma sociedade no Brasil na qual as atividades culturais são fortemente influenciadas pela religião cristã. E nos outros países? Também, aquelas mesmo diferentes da cristã. pelas religiões com o maior número de adeptos. De uma editora não querendo publicar um livro com argumentos parecidos com os daqui, pois não irá vender devido à religiosidade, mesmo fraca ou até em níveis mais intensos dos leitores, até às próprias livrarias preferindo outro de um tema muito mais vendável, nos levando às pesquisas e trabalhos universitários também com influências do cristianismo, será até m influenciados direta ou diretamente pelo cristianismo. Não posso deixar de dizer da formação dos acadêmicos, muito antes da universidade, serem cristãos. Em contato com muitos filósofos religiosos aqui no Brasil, eles falam, falam, falam do respeito que deve existir às outras religiões, mas acabam por citarem o cristianismo. Eles nem sequer admitem ou omitem o fato das religiões pelo mundo todo serem benéficas aos adeptos. Admitir este fato é afirmar a existência, ao mesmo tempo, de várias divindades e valores diferentes deles, contrariando também a existência de Deus. 


Imagine agora um xintoísta japonês escrevendo este texto. Ele substituiria todas as palavras “cristã”, “cristão”, “cristianismo”, ou seja, todas relativas à religião cristã, colocaria “xintoísmo”, “xintoísta”, etc., e o texto daria no mesmo. E o mesmo às outras religiões. Restaria um único fato: religiões e crenças inventadas pelos seres humanos!   

 
Referências 

(1) Argos Arruda Pinto. 2022. A Circularidade Ateísta. Disponível em: < https://orelativismodasreligioes.blogspot.com/2022/08/a-circularidade-ateista.html >. Acesso em: 07/09/2022. 


(2) Argos Arruda Pinto. O acreditar e a fé como vantagens evolutivas. Disponível em: < https://orelativismodasreligioes.blogspot.com/2014/05/o-acreditar-e-fe-como-vantagens.html >. Acesso em: 07/09/2022. 


(3) Argos Arruda Pinto. 2019. Neurorreligação: o resultado da cura pela psiquiatria, psicoterapia, práticas religiosas e a meditação através da neuroplasticidade. Disponível em: < https://neurorreligacao.blogspot.com/2019/05/neurorreligacao-o-resultado-da-cura.html >. Acesso em: 07/09/2022. 


(4) Freud, S. Projeto para uma Psicologia Científica. Rio de Janeiro: Imago, Original de 1912. 1990. (Obras psicológicas completas de Sigmund Freud, v. 1).  

(5)  Linden, D E J. How psychotherapy changes the brainthe contribution of functional neuroimaging. Molecular Psychiatry. 2006/03/07/online. Disponível em: < http://www.nature.com/articles/4001816 >. Acesso em:07/09/2022.  


(6) Serina Deen. How Psychotherapy Changes the Brain. 2015. American Psychitriac Association. APA Blogs. Disponível em: < https://www.psychiatry.org/news-room/apa-blogs/apa-blog/2015/08/how-psychotherapy-changes-the-brain >. Acesso em: 07/09/2022. 


(7) Julio Fernando Prieto Peres, Antônia Gladys Nasello. Psicoterapia e neurociências: um encontro frutífero e necessário. 2005. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas. Disponível em: < http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-56872005000200003 >. Acesso em: 07/09/2022. 


(8) (Kandel, Schuartz & Jessell, 2000): Kandel, E.R., Schuartz, J.H. & Jessell, T.M. (2000). Principles of Neural Science (4. ed).  


(9) (Peres & Nasello, 2005): Peres, J.F.P. & Nasello, A.G (2005). Neuroimagem em Transtorno de Estresse Pós-Traumático. Em R. Caminha (Org.). Transtorno do Estresse Pós-Traumático: da neurobiologia à terapia cognitiva. (pp. 65–94) Porto Alegre: Ed. Casa do Psicólogo.  


(10) Argos Arruda Pinto. 2021. Religiões e crenças: todas são invenções dos cérebros humanos. Disponível em: < https://orelativismodasreligioes.blogspot.com/2021/05/religioes-e-crencas-tudo-e-produto-do.html >. Acesso em: 07/09/2022. 

 
 

sábado, 27 de agosto de 2022

The Atheist Circularity

“How can a true religion exist if the religious practices of others are also beneficial to its adherents, with exceptions, proving to be the divinity (s) and religious values ​​also true, but this is also absurd because it is not can there be several true religions at the same time, due to this circularity, thus leading us to believe in the one truth of all being false?"

A Circularidade Ateísta

Por Argos Arruda Pinto


"Como pode existir uma religião verdadeira se as práticas religiosas das outras são também benéficas aos seus adeptos, com exceções, demonstrando ser a (s)   divindade (s) e os valores religiosos também verdadeiros, mas, isto sendo também um absurdo porque não se pode haver várias religiões verdadeiras ao mesmo tempo,  devido à esta circularidade, nos levando então a crer na verdade única de todas serem falsas?"

domingo, 7 de agosto de 2022

O porquê dos nossos sentimentos: por que existem sentimentos e emoções negativos?

Obs.: "Este texto faz parte do meu primeiro livro de mesmo nome. Deixo-o bem básico. A Teoria da Evolução já é difícil de ser aceita, em especial devido às religiões de todo o planeta, no que diz respeito aos corpos dos animais, como eles mudaram e mudam. Imagine então sobre os nossos processos lógicos mentais? Ainda mais que sentimentos e emoções foram imprescindíveis à sobrevivência do ser humano no planeta. Mas, o pior de tudo, que os sentimentos e emoções negativos também foram essenciais para tanto. Não que houvesse uma direção neste sentido como eu disse agora e sim pelo fato de existirem, que foram e são necessários."

 

Sentimentos e emoções positivos serviram a nossa sobrevivência como espécies, foram selecionadas pela Evolução, pois, como exemplo, o amor, o afeto e o carinho entre pais e filhotes foram e é uma ligação das mais importantes do reino animal, até os pequenos animais possuírem maturidade para uma vida independente. Mas, e os sentimentos e as emoções negativos? 

Nenhum sistema adaptativo como o cérebro, visando o comando de um corpo para se perpetuar junto a ele, irá responder somente de modo positivo, no sentido de sentimentos positivos, em um meio ambiente no qual os estímulos exteriores são positivos e negativos também. Ninguém gostará de um inimigo! E como estamos vivos hoje se antes da nossa espécie já havia ancestrais com poderosíssimas forças negativas em suas mentes? O que aconteceu e o que acontece? Estariam e estão na contramão da Evolução? Agora eu discorro sobre três deles, talvez os mais poderosos no sentido de serem desastrosos para quaisquer espécies, e dos mais comuns e intensos, o ódio, a raiva e a agressividade, possuindo sim um papel indispensável na Evolução se analisados com o cuidado merecido. A partir do desenvolvimento do sistema nervoso, do mais primitivo ao mais capacitado e complexo, o nosso, digo do quanto eles foram fundamentais na preservação das espécies de muitos seres vivos.

 

I - Agressividade

Para começar voltarei no tempo justamente na época do próprio surgimento e desenvolvimento ulterior da vida. Imagine um cenário muito antigo, em um lago ou oceano, quando dos primeiros seres vivos  unicelulares desprovidos  de  núcleos, com  uma substância, uma fonte de calor, etc., ameaçando um grupo desses pequenos seres já providos de movimentos próprios. Alguns deles não só conseguiam perceber o perigo como também reagiam se movendo em direção e sentido opostos  ao local dessas ameaças. Os outros simplesmente seriam destruídos por esses fenômenos tão comuns na natureza.

Percebem-se por aqueles sobreviventes, dois fatores cruciais em suas reações: a percepção da ameaça e todo um sistema a colocar-lhes em movimento, pois suas partes como organelas, cromossomos, substâncias químicas diversas em seus interiores, etc., são levadas em conjunto com suas membranas  a um  local seguro, porque as  suas existências e consequentemente a existência desses unicelulares dependem delas porque  são sistemas separados do meio ambiente.

O movimento desses heróis microscópicos reflete uma pequena dose de agressividade perante o meio ambiente, uma não passividade frente ao perigo, um pequeno, mas verdadeiro embrião de um sistema nervoso a serviço de suas sobrevivências.

Na alimentação por fagocitose, os pseudópodes da célula agressora

englobam o material a ser ingerido. É um processo ativo, demonstrando de forma mais clara esse embrião de sistema nervoso porque há intenção,

ataque e captura de uma “presa”, a saber, um simples corpo sólido ou outro ser vivo, mas indispensável à vida de quem o realiza. Imagine então um predador, um organismo multicelular, no qual a sua presa percebe a sua presença e tende a se afastar ou a se defender.

Um processo desses preservado, aperfeiçoado, por genes, chegou até nós e o realizamos com requintes de crueldade para saborearmos uma boa porção de carne. Bilhões de anos, inúmeras quantidades de predadores, presas, habitats e comportamentos bem diversos, levam a marca implacável da agressividade como denominador comum na sobrevivência das espécies.

Mas a agressividade se revela de maneira diversa em seres vivos complexos não só com respeito à captura de presas, em ataques dos mais variados modos, etc. Dizendo do comportamento humano, você, ao colocar toda a sua motivação para terminar um trabalho atrasado, podendo até lhe causar a perda do emprego, estará descarregando uma grande dose de agressividade. Uma repreensão verbal a um filho de forma enérgica pois ele acabara de fazer algo errado também é uma agressão, mas de maneira consciente, ensinando-o diferenciar o certo do errado. E a agressividade entre pessoas levando à morte ou a danos físicos? Isso sempre existiu e realmente, em sua maioria, é contra a evolução. Mas, simplificando, todas as pessoas não ficam todos os dias se agredindo! Aqui, neste ponto deste capítulo, deve-se ter cuidado com ideias e colocações, pois realmente o ser humano sempre viveu em conflitos e guerras, mas hoje somos mais de sete bilhões habitando a Terra. Outros sentimentos e emoções levando-nos a muitos valores morais e sociais predominaram.

 

II - Raiva

Uma emoção poderosa, causada por muitos fatores como não atingir um objetivo ou necessidade, ter uma contrariedade, não satisfazer um desejo ou ter uma ação frustrada, sentirmos nossos direitos desrespeitados, nos depararmos com injustiças, críticas, ofensas etc. Nosso dia a dia também acarreta estados de raiva: uma fila demorada, uma piada de mau gosto, um aceno indesejado de alguém no trânsito, etc.

Apesar de ser uma emoção destrutiva eu pergunto: quem gostaria de passar raiva durante 24 horas? Temos capacidade para afastarmos estados de raiva, principalmente a racionalização, na qual a nossa razão possa determinar se compensa ou não nos deixar levar por uma explosão de raiva.

Mas, como a agressividade, ela existe. A mesma questão como na agressividade: ela estaria na contramão da Evolução? A resposta é não. Ela aumenta a energia e a força para um animal abater uma presa reagindo com eficiência a um ataque. Um complemento, uma ajuda na agressividade. E como na repreensão verbal a um filho citado em “agressividade”, você poderá estar com raiva dele, mas a canaliza para o bem-estar da criança.

Se no modo de vida moderno nós não precisamos abater diretamente um animal como faziam os antigos caçadores coletores, temos muitos estímulos levando-nos à raiva e aprendemos a, pelo menos, não deixar alterar de modo significativo o nosso bem-estar psicológico e dos outros. Uma luta diária. E ainda em sociedade extravasamos nossa raiva em movimentos como direitos humanos, preconceitos, injustiças sociais, etc., ou seja, tudo do sistema considerado errado.

III - Ódio

De uma aversão instintiva, um rancor duradouro até uma profunda inimizade, o ódio também parece se localizar na contramão da Evolução. Então por que o temos?

Exemplos de nossos ancestrais em suas vidas primitivas em tecnologia permite-nos uma boa pista para esse aparente paradoxo. Um predador passa próximo a um grupo de humanos e se afasta. Não atacou ninguém, mas todos sabem da sua provável volta. E quando aparece desperta ódio, talvez já presente em muitos da tribo, levando aquelas pessoas a um ataque possivelmente já combinado entre os mais destemidos do grupo.

O ódio a um inimigo ou a um representante de uma ameaça, poderá deixar uma mãe prestando mais atenção em possíveis perturbações a seus filhotes, ou seja, ele proporcionaria uma série de comportamentos na defesa da prole e de si mesma.

Gosto de raciocinar de uma forma, na falta de um termo designativo, original (?), sendo “o pensar ao contrário”: se o ódio, a raiva e a agressão não existissem, quanto não ficaríamos vulneráveis sem eles? Seria possível um ser vivo tão complexo como nós, e mesmo outros, mas tão passivos? Isto nunca existiria no reino animal!  Acreditar só no amor, só nos sentimentos positivos a existirem, é uma grande ingenuidade. O amor tem como oposto a indiferença, mas e o não gostar de algo? Faz parte sim da nossa sobrevivência o não gostar de muita coisa chegando realmente ao ódio àquilo nos fazendo mal, principalmente em situações perigosas, tão comuns em praticamente todos os habitats terrestres.

No plano social o ódio aparece e muito entre pessoas sendo inúmeras as situações nas quais esse sentimento se desperta, mas, como a raiva, há certo controle por parte do ser humano para muitas diferenças não os levarem a conflitos desastrosos. Aprendemos a nos controlar, racionalizar como na raiva, percebendo se compensa ou não uma discussão ou uma agressão devido aos sentimentos e emoções profundas como esses.  

Os seres vivos sempre estiveram em um mundo repleto de estímulos positivos e negativos! Do primeiro exemplo mostrado sobre um unicelular fugindo de uma fonte de calor, denotando uma reação a um estímulo negativo, até uma mãe não gostando nada de um inimigo ou ameaça a sua prole, algum animal considerado perigoso para ela, tudo indica uma perpetuação da agressividade, acompanhada por raiva, ódio, etc., como comportamentos de geração a geração, principalmente em animais. Não dá para conceber um planeta como o nosso onde sobreviveriam apenas indivíduos com reações benéficas com o ambiente e poucas reações agressivas. E no exemplo da mãe exige-se um sistema nervoso complexo, evoluído de muitas e muitas gerações como são os dos mamíferos.

Seja lá como eram os primeiros unicelulares em estrutura e comportamento, eles estavam adaptados e procriaram dentro de ambientes com estímulos positivos e negativos reagindo de forma adequada a cada um deles.

Conforme o sistema nervoso foi evoluindo, regiões e/ou funções diversas responsáveis pela agressão, raiva e o ódio, foram se perpetuando nos organismos multicelulares.

sexta-feira, 29 de julho de 2022

Um desafio a religiosos, filósofos, filósofos religiosos e cientistas da religião

Existem e existiram muitas religiões, sistemas de crenças, muitas crenças em cada uma delas, etc. O que eu noto até por experiência própria, é que os seguidores de cada uma delas considera a sua própria como a  verdadeira, absoluta, dona de verdades religiosas e as outras não. Mas as práticas religiosas de cada uma são muito benéficas aos seus adeptos.

Existem exceções mas não vêm ao caso. Se não fossem benéficas, as religiões tenderiam a desaparecer.

Não seria correto dizer que o que existe de absoluto mesmo é o fato de termos a capacidade  inata de acreditar e pormos fé no que acreditamos? Assim, as crenças foram inventadas em todas as épocas e lugares e serviram e servem àqueles de diversas maneiras, àqueles que acreditavam e acreditam.

Primeiro se acredita e depois se põe fé.

Não existiria nenhuma religião absoluta, correta perante às outras.

As crianças vão aprendendo com os pais, parentes, etc., passam a gostar do que é aprendido e levarão, com exceções, para o resto de suas vidas sobre a sua religião.

Pela Navalha de Occam, a solução ao problema de se tanto aparecer crenças novas ou modificações, não seria conceber que são as mentes humanas quem as criam?

Eu escrevi a muitos filósofos, filósofos religiosos e cientistas das religiões e todos, invariavelmente, se voltavam ao Cristianismo como a verdadeira. "Claro", pensei, "é a religião de 'berço' deles". 

Para terminar, todos fogem da questão: as religiões fazem bem aos próprios seguidores?

Se respondessem sim, estariam dizendo o maior dos absurdos: existem milhões, mais, de entidades divinas ao mesmo tempo. Se não, teriam que explicar por que as religiões continuam com um grande número de adeptos. Digo do Cristianismo, Islã, Hinduísmo, Judaísmo, e mesmo outras menores mas com algumas dezenas de milhões de adeptos. Por que até hoje nunca vimos uma fuga em massa, em pouco tempo, de adeptos de religiões? Nunca vimos porque elas fazem bem a esses mesmos adeptos.

Então as práticas religiosas, de todas, mexem com o emocional, os sentimentos e emoções das pessoas no sentido positivo. Por isto mesmo elas não seriam apenas ideias fortemente ligadas ao cérebro?